Quando alguém me pergunta o que é a medicina para mim, percebo que a resposta não é simples. Ela não cabe em uma única frase, nem em uma visão romântica que muitas vezes circula nas redes sociais. Para mim, a medicina é feita de contrastes: é beleza e tristeza, esperança e frustração, vida e morte.
Meu nome é Matheus Lima, estou no segundo período do curso de Medicina e, embora nem sempre tenha sonhado em seguir essa carreira, hoje reconheço nela o caminho que escolhi para impactar vidas — mesmo sabendo que esse impacto nem sempre será alegre.
A decisão de mudar de rota
Antes da medicina, trabalhei em áreas bem diferentes: computação, administração e até tive uma empresa própria. Mas algo me faltava. Sentia a necessidade de construir uma vida que fosse além do lucro e da rotina, uma vida que me conectasse profundamente com as pessoas.
Foi assim que decidi migrar para a medicina. Entrei nesse universo cheio de expectativas e, ao mesmo tempo, de incertezas. Descobri que minha visão sobre a profissão provavelmente mudará a cada fase da formação, e mais ainda quando estiver atuando como médico.
A medicina que toca vidas
Para mim, hoje, a medicina é um instrumento de transformação. Ela salva vidas, mas também toca vidas, melhora vidas e, em alguns casos, acompanha o fim de vidas. O contato médico-paciente é uma das partes mais belas dessa profissão, porque cada encontro deixa marcas em ambos os lados.
Existe uma frase que gosto muito: “todo mundo que passa por nós leva um pouco de nós e deixa um pouco de si.” Acredito que isso resume bem a essência da medicina.
A face dolorosa da profissão
Mas nem tudo é sobre salvar e sorrir. A medicina também é profundamente triste.
A rotina de um médico pode ser marcada por momentos duros: ver pacientes partirem, comunicar más notícias às famílias, lidar com a dor e a impotência diante da morte. Essa parte raramente é mostrada nos vídeos inspiradores que circulam pela internet, mas faz parte da realidade diária de muitos profissionais da saúde.
Um exemplo é a obstetrícia: colocar um bebê no mundo é um momento mágico, mas e quando esse bebê nasce sem vida? O mesmo cenário que poderia ser de festa se transforma em devastação — tanto para a família quanto para o médico.
O peso da responsabilidade
Carrego comigo um medo constante: o de errar. Não de processos ou críticas, mas o medo de falhar diante de um paciente. De não ter estudado o suficiente para resolver um problema que deveria estar ao meu alcance.
É esse medo que me impulsiona a estudar cada vez mais. Porque, embora seja impossível saber tudo, sei que não posso me permitir negligenciar nada. A medicina não admite ego nem imprudência. Admito que haverá situações em que eu não saberei a resposta, mas isso não me autoriza a deixar de buscar ajuda.
Medicina: entre luz e sombra
A medicina é bela, mas também triste. É gratificante, mas ao mesmo tempo frustrante. É uma profissão que exige equilíbrio entre a razão e a emoção, entre a alegria de uma vida salva e a dor de uma vida perdida.
Sei que muitos pacientes irão cruzar meu caminho e que cada um deles carregará um pedaço da minha história, assim como deixará em mim marcas que levarei para sempre.
O que busco é simples — e ao mesmo tempo imenso: ser um bom médico dentro dos limites humanos. Um profissional ético, dedicado, que estude incansavelmente para minimizar erros e que, acima de tudo, consiga impactar seus pacientes de forma positiva.
A medicina não é feita apenas de vitórias. É feita também de derrotas, de noites mal dormidas, de lágrimas silenciosas. Mas é exatamente nessa dualidade que mora sua grandeza.
Escolhi esse caminho sabendo dos desafios. E sigo nele com um compromisso firme: dar o meu melhor para que cada paciente que cruzar minha vida seja atendido com dignidade, humanidade e esperança.
E para você, o que é a medicina?
Deixe seu comentário: quero muito ouvir sua visão sobre essa profissão que, ao mesmo tempo, nos eleva e nos desafia profundamente.